terça-feira, 20 de julho de 2010
Maputo
O Hotel Polana está fechado para obras. Segundo consta vai reabrir em Setembro mas modificaram tudo. Deixará de existir o belo salão de chá onde, na minha primeira vista em 1997 fui surpreendida, num final de tarde chuvoso, pelo som de um piano de cauda, tocando maravilhosamente um concerto de Mozart... Encho-me de nostalgia, o Hotel por si e saber que se perde algo da cultura Moçambicana, trocado por um moderno "design" hotel...
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Get me out of here
Um Namibiano branco nos seus trinta anos que não sabe onde fica Espanha e muito menos Portugal, nem consegue perceber porque razão havia Portugueses em Angola (30% dos meus amigos pensa o mesmo mas por razões diferentes). Um Italiano nos seus 40 anos que não sabe onde fica a Namibia nem como se "chamam" os Namibianos além de que pensava que "aí" só havia negros. Ainda se fala dos americanos....
Procuro um mapa mundo que possa colocar no post sem sucesso. Não tenho tanto tempo, são 2.30 e tenho que acordar daqui a 3 horas.
Procuro um mapa mundo que possa colocar no post sem sucesso. Não tenho tanto tempo, são 2.30 e tenho que acordar daqui a 3 horas.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
sábado, 15 de maio de 2010
sexta-feira, 14 de maio de 2010
When You are Old
When you are old and grey and full of sleep,
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.
--W. B. Yeats
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.
--W. B. Yeats
quarta-feira, 5 de maio de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Imagine
Imagine-se habitante da savana, de pele ressequida pelo sol, dependendo da água da chuva para beber, para dar de beber ao seu gado, sua única riqueza, para além das roupas que veste, de uns panos para enrolar à volta do corpo e de um eventual fato domingueiro comprado num fardo, de tecido e cor totalmente deslocados. Dono de um quimbo com algumas cubatas, casas feitas de paus e colmo, em função das pessoas que lá habitam. As últimas chuvas ocorreram há quase um ano, a estação da chuva deste ano mostrou-se tão seca como a estação seca. Mesmo que ainda chova perderam-se as colheitas de tuberculos para fazer a farinha, a base de alimentação. Por mais quilómetros que percorra com o gado em busca de água e de pasto não encontra, a situação é identica por centenas de quilómetros. O gado está magro, só se vêm os ossos e os pastores não estão em situação diferente. O calor é abrasador e seco. A família está magra e desidratada, não há poços com água, os furos ficam distantes, apróxima-se nova estação seca e a próxima época das chuvas só começa em Outubro, se tiver mais sorte do que este ano.
Ao Hospital, que fica a dezenas de quilómetros percorridos a pé, chegam mães em pele e osso, com as crianças às costas, quase desmaiadas de desidratação pois o leite da mãe secou. As que podem andar pela pela mão estão magras, sem força para mais um passo, de olhos cansados, quase sem vida, a medo e com esperança entram, aquele é o destino, conseguiram lá chegar e há expetativa de que ali acabe o sofrimento mudo da fome e da sede. Não há infância, não há escola, não há brincadeiras no pátio da escola. Já foi assim com os seus pais, avós, bisavós... por uns dias a situação poderá melhorar mas haverá sempre o regresso à seca, à falta de àgua, à falta de alimento, excepto se chover. Já conseguiu imaginar como seu único desejo de vida que chova, que tenha água, que tenha uns sacos de farinha para acalmar a fome?
Ao Hospital, que fica a dezenas de quilómetros percorridos a pé, chegam mães em pele e osso, com as crianças às costas, quase desmaiadas de desidratação pois o leite da mãe secou. As que podem andar pela pela mão estão magras, sem força para mais um passo, de olhos cansados, quase sem vida, a medo e com esperança entram, aquele é o destino, conseguiram lá chegar e há expetativa de que ali acabe o sofrimento mudo da fome e da sede. Não há infância, não há escola, não há brincadeiras no pátio da escola. Já foi assim com os seus pais, avós, bisavós... por uns dias a situação poderá melhorar mas haverá sempre o regresso à seca, à falta de àgua, à falta de alimento, excepto se chover. Já conseguiu imaginar como seu único desejo de vida que chova, que tenha água, que tenha uns sacos de farinha para acalmar a fome?
quarta-feira, 21 de abril de 2010
terça-feira, 20 de abril de 2010
Manuel
O Manuel fazia parte de um grupo de meninos da rua que costumava estar perto do meu escritório todos os dias. Era um grupo grande, uns vendiam velas depois das aulas até as lojas fecharem, outros pura e simplesmente pediam dinheiro às pessoas que iam às compras. Eu não conseguia resistir-lhes e entre as velas que comprava, às vezes sem precisar e o dinheiro ou comida, todos os dias lhes dava qualquer coisa. Desse grupo realçou-se o Manuel, cujo nome só fiquei a saber mais tarde. O Manuel tinha um sorriso lindo, meio maroto e muito simpático, uns olhos vivos e alegres, marotos como o sorriso. Conquistou-me na sua maneira de se me dirijir numa voz doce de menino mas determinada, ”amiga, amiga, me dá só 10 para comprar um pão”... Depois, para não lhe dar só dinheiro ou comida e como o vi com um carro feito de lata muito bem construido comecei a encomendar-lhe carrinhos de lata para oferecer aos meus sobrinhos e assim já lhe podia dar mais dinheiro pois não lhe estava a dar por dar, deixou de ser uma “esmola”; como tinha jeito para o desenho comecei também a pedir-lhe para me fazer desenhos e assim quase todos os dias trocava umas palavras com oManuel, “como estás hoje? Foste à escola...? Não? Porquê? A mãe está doente... Precisas de comprar medicamentos? Não, amiga, só preciso, só preciso de dinheiro para comer mesmo... sim, mas não deves faltar à escola...” até que um dia fiquei a saber por ele que a mãe era alcoólica, percebi que o dinheiro ia em grande parte para a bebida da mãe e passei a dar-lhe só comida. E aí começou a pedir-me dinheiro para umas calças que ia exibir alegremente, ou uns tenis que usou só no dia em que os comprou, para mos mostrar. No dia seguinte, para meu espanto não os tinha calçados, é para poupar, explicou-me. Os outros, talvez por ciúme por verem que ele tinha “privilégios” vieram dizer-me que ele era o mais burro, era o mais velho (que eu não imaginava pois era muito baixo), já tinha 10 anos e não sabia escrever. No dia seguinte falei-lhe na importancia de ir à escola, de aprender a escrever, para poder ler, um dia arranjar um trabalho e sair das ruas. Contei-lhe que partiria dali a 15 dias e gostava que, antes de me ir embora, ele conseguisse escrever o seu nome. Para minha tristeza nos dias que se passaram até à minha partida ele não voltou a aparecer.
Quando regressei os donos das lojas ao pé do meu escritório tinham corrido com os miúdos pois afastavam os clientes, diziam eles... quando andava pelas ruas procurava-o e passaram-se muitos dias até que numa manhã ia a sair do carro e me aparece o Manuel, “amiga, amiga” disse, com o seu sorriso lindo. Pedi-lhe para escrever o nome dele o que fez com ar tremendamente orgulhoso. A minha estadia foi curta e não o vi mais, nem das vezes seguintes o consegui encontrar, até outro dia, passados dois anos em que me lembrava dele e pensava no que lhe poderia ter acontecido. Ouço “amiga...amiga...”. Estava escuro, era noite densa sem luar e a rua não estava iluminada... eu não queria acreditar, não conseguia falar e as lágrimas corriam-me descontrolada e insistentemente pela cara abaixo. Nem o escuro conseguiu evitar que ele percebesse as lágrimas e me dissesse “amiga, amiga, não chora amiga, não chora” e repetia atrapalhado para eu não chorar. Eu chorava de felicidade por ele estar vivo, por ter ido ter comigo. Expliquei-lhe que tinha andado à procura dele, que pensava muitas vezes nele e questionava-me sobre o que lhe poderia ter acontecido, que estava feliz por o ver. Há dois anos a sua mãe morreu e ele foi para casa de uma Tia a mais de trezentos quilómetros daqui, com a sua irmã. A tua tia tratava-te bem? Mais um menos, os primos batiam-lhe muito e a tia não o defendia. Por isso tinha voltado. E onde estás agora, perguntei, com medo que a resposta fosse na rua. Em casa da minha Avó. E a tua irmã, também? Não, a minha irmã ficou com a minha Tia, lá. E a tua Avó trata-te bem? Sim amiga, trata. Queria ajudá-lo mas ia-me embora no dia seguinte e por isso peguei em 100 Dólares e dei-lhe. Expliquei-lhe que me ia embora e só voltava passados dois meses mas não queria que lhe faltasse comida. Que aquele dinheiro era para ele guardar e usar quando precisasse de alguma coisa importante, como comprar comida se a Avó não tivesse, roupa, livros para a escola ou medicamentos. O Manuel ouvia-me e, na escuridão, via o brilho dos seus olhos e a voz doce, ainda de menino, dizia sim amiga. Agora eu vou embora, tem cuidado contigo. Sim amiga. Mas se precisares de alguma coisa vai falar com as minhas funcionárias, eu deixo instruções para te ajudarem. Sim amiga. Via-se que estava sensibilizado por tudo, pelo meu choro, pela conversa, pela minha vontade em o ajudar. Na manhã seguinte, cedo, antes de apanhar o avião, estava eu no escritório quando me vêm chamar, está aí um menino que diz ser seu amigo, quer falar com a amiga desse carro aí (o meu). Desço as escadas e vejo oManuel com o seu enorme sorriso à porta. Olá Manuel, estás bem? Sim amiga... desconfiei que queria algo e calei-me... ele manteve-se em silêncio. Ao fim de uns segundos decidi falar, então Manuel, está tudo bem, não está? Vieste cá por alguma razão especial? Sim, não, amiga, sim, vim... vim só, vim só contar no que gastei o dinheiro. Gastaste o dinheiro? Mas em quê? Eu tinha-te dito que era para guardares, poupares, para uma necessidade...? Sim, amiga, mas eu só comprei uma camisola e um telemóvel. Um telemóvel Manuel, mas isso não é bem de primeira necessidade...! (Estava zangada). É para falar com a minha irmã, que está lá...respondeu.
Imagino que a Avó do Manual lhe dá algum carinho e comida suficiente para se alimentar. Imagino também que com o dinheiro que lhe dei ele nunca pensaria ir comprar carne ou alimentos que não fizessem parte da sua alimentação diária pois é a essa que está habituado e não tendo fome não iria comprar bolachas ou um chocolate que, se calhar, desconhece. Foi comprar o que mais necessitava, o meio de poder comunicar com a irmã de quem estava afastado e de quem sentiria falta, apesar de alguma frustração minha que imaginava que as suas prioridades eram as minhas.
A Avó do Manuel morreu há 2 anos. O Manuel e um irmão ficaram entregues ao pai, que voltou...sabem os Deuses de onde... O irmão mais novo teve que ir viver com outra irmã, ainda mais longe dali. Ao longo dos dois anos seguintes ajudei o Manuel e a sua família como podia e como pensava conscientemente ser melhor. Fui-me apercebendo que ele crescia e que começava a pedir-me demasiado dinheiro. De um momento para o outro desapareceu novamente.
Quando regressei os donos das lojas ao pé do meu escritório tinham corrido com os miúdos pois afastavam os clientes, diziam eles... quando andava pelas ruas procurava-o e passaram-se muitos dias até que numa manhã ia a sair do carro e me aparece o Manuel, “amiga, amiga” disse, com o seu sorriso lindo. Pedi-lhe para escrever o nome dele o que fez com ar tremendamente orgulhoso. A minha estadia foi curta e não o vi mais, nem das vezes seguintes o consegui encontrar, até outro dia, passados dois anos em que me lembrava dele e pensava no que lhe poderia ter acontecido. Ouço “amiga...amiga...”. Estava escuro, era noite densa sem luar e a rua não estava iluminada... eu não queria acreditar, não conseguia falar e as lágrimas corriam-me descontrolada e insistentemente pela cara abaixo. Nem o escuro conseguiu evitar que ele percebesse as lágrimas e me dissesse “amiga, amiga, não chora amiga, não chora” e repetia atrapalhado para eu não chorar. Eu chorava de felicidade por ele estar vivo, por ter ido ter comigo. Expliquei-lhe que tinha andado à procura dele, que pensava muitas vezes nele e questionava-me sobre o que lhe poderia ter acontecido, que estava feliz por o ver. Há dois anos a sua mãe morreu e ele foi para casa de uma Tia a mais de trezentos quilómetros daqui, com a sua irmã. A tua tia tratava-te bem? Mais um menos, os primos batiam-lhe muito e a tia não o defendia. Por isso tinha voltado. E onde estás agora, perguntei, com medo que a resposta fosse na rua. Em casa da minha Avó. E a tua irmã, também? Não, a minha irmã ficou com a minha Tia, lá. E a tua Avó trata-te bem? Sim amiga, trata. Queria ajudá-lo mas ia-me embora no dia seguinte e por isso peguei em 100 Dólares e dei-lhe. Expliquei-lhe que me ia embora e só voltava passados dois meses mas não queria que lhe faltasse comida. Que aquele dinheiro era para ele guardar e usar quando precisasse de alguma coisa importante, como comprar comida se a Avó não tivesse, roupa, livros para a escola ou medicamentos. O Manuel ouvia-me e, na escuridão, via o brilho dos seus olhos e a voz doce, ainda de menino, dizia sim amiga. Agora eu vou embora, tem cuidado contigo. Sim amiga. Mas se precisares de alguma coisa vai falar com as minhas funcionárias, eu deixo instruções para te ajudarem. Sim amiga. Via-se que estava sensibilizado por tudo, pelo meu choro, pela conversa, pela minha vontade em o ajudar. Na manhã seguinte, cedo, antes de apanhar o avião, estava eu no escritório quando me vêm chamar, está aí um menino que diz ser seu amigo, quer falar com a amiga desse carro aí (o meu). Desço as escadas e vejo oManuel com o seu enorme sorriso à porta. Olá Manuel, estás bem? Sim amiga... desconfiei que queria algo e calei-me... ele manteve-se em silêncio. Ao fim de uns segundos decidi falar, então Manuel, está tudo bem, não está? Vieste cá por alguma razão especial? Sim, não, amiga, sim, vim... vim só, vim só contar no que gastei o dinheiro. Gastaste o dinheiro? Mas em quê? Eu tinha-te dito que era para guardares, poupares, para uma necessidade...? Sim, amiga, mas eu só comprei uma camisola e um telemóvel. Um telemóvel Manuel, mas isso não é bem de primeira necessidade...! (Estava zangada). É para falar com a minha irmã, que está lá...respondeu.
Imagino que a Avó do Manual lhe dá algum carinho e comida suficiente para se alimentar. Imagino também que com o dinheiro que lhe dei ele nunca pensaria ir comprar carne ou alimentos que não fizessem parte da sua alimentação diária pois é a essa que está habituado e não tendo fome não iria comprar bolachas ou um chocolate que, se calhar, desconhece. Foi comprar o que mais necessitava, o meio de poder comunicar com a irmã de quem estava afastado e de quem sentiria falta, apesar de alguma frustração minha que imaginava que as suas prioridades eram as minhas.
A Avó do Manuel morreu há 2 anos. O Manuel e um irmão ficaram entregues ao pai, que voltou...sabem os Deuses de onde... O irmão mais novo teve que ir viver com outra irmã, ainda mais longe dali. Ao longo dos dois anos seguintes ajudei o Manuel e a sua família como podia e como pensava conscientemente ser melhor. Fui-me apercebendo que ele crescia e que começava a pedir-me demasiado dinheiro. De um momento para o outro desapareceu novamente.
Aqui...onde se lava o encardido com água suja
Há muitos anos que não vinha para este lado do mundo.
À minha frente uma imensidão de barracas com telhados de zinco cobertos de pó. Aqui onde domina a poeira vermelha e os montes de lixo servem para encher os buracos na estrada e se lava o encardido com água suja.
Enquanto aguardo na fila da estrada observo os milhares de pessoas que passam, cada um ao seu ritmo, muitas mulheres surpreendentemente arranjadas e limpas, as crianças de tranças com missangas e bem vestidas e os que pura e simplesmente aguardam resignadamente que venha o próximo cliente para comprar uma maça coberta de pó ou um iogurte cozido pelo sol.
Perante tanta miséria, quase uma lixeira a céu aberto onde centenas de milhares de pessoas diariamente se juntam de propósito para garanharem a sua vida, não deixo de pensar o que poderia ser feito para melhorar as condições de trabalho desta gente, reduzir os riscos de contaminação de doenças, reduzir o transito dos que se deslocam por vezes 6 a 8 horas de carro por dia. Já se pensou recensear esta gente e com o resultado construir mercados mais pequenos, organizados, com condições de sanidade e higiene, mais perto das zonas das suas residencias (entenda-se bairros de lata onde imperam os mesmos telhados de zinco cobertos de pó, cujas casas estão rodeadas mesmo na época seca de poças de água estagnada, contaminada, focos de doenças gastro-intestinais e de malária – aqui, quem não morre até aos 5 anos vive até ter a cabeça coberta de cabelos brancos – ou por montes de lixo acumulado dos meses de seca que aguardam a próxima chuva que os fará correr em direcção ao mar.
E lá ao fundo, quase na linha do horizonte, por detrás de tudo isto, primeiro avisto a baía e a linha de terra a que chamam ilha e, por fim, o mar. A ilha, aquele outro mundo, não muito melhor do que este, onde se espelham as dicotomias desta sociedade, onde confortavelemnte me costumo sentar em frente ao mar. Hoje, enquanto para lá viajo para jantar, consigo abstrair-me daquela lixiera a céu aberto por onde passo pelo caminho. Há uns anos perdia sempre o apetite quando por lá passava e, quando me sentava, frente ao mar, não conseguia apagar a imagem e o cheiro da miséria, da fome, da podridão que me rodeavam. Hoje sento-me num restaurante fantástico, ouço música que me descontrai misturada pelas ondas do mar, selecciono da ementa uma excelente refeição que poderia ser servida num bom restaurante em qualquer parte do mundo e dedico-me à conversa animada por amigos recentes e velhos amigos com quem tenho em comum a presença ali, naquele momento, mas que tudo o resto separa. Disfarço, mas no fundo nao consigo comer nada.
À minha frente uma imensidão de barracas com telhados de zinco cobertos de pó. Aqui onde domina a poeira vermelha e os montes de lixo servem para encher os buracos na estrada e se lava o encardido com água suja.
Enquanto aguardo na fila da estrada observo os milhares de pessoas que passam, cada um ao seu ritmo, muitas mulheres surpreendentemente arranjadas e limpas, as crianças de tranças com missangas e bem vestidas e os que pura e simplesmente aguardam resignadamente que venha o próximo cliente para comprar uma maça coberta de pó ou um iogurte cozido pelo sol.
Perante tanta miséria, quase uma lixeira a céu aberto onde centenas de milhares de pessoas diariamente se juntam de propósito para garanharem a sua vida, não deixo de pensar o que poderia ser feito para melhorar as condições de trabalho desta gente, reduzir os riscos de contaminação de doenças, reduzir o transito dos que se deslocam por vezes 6 a 8 horas de carro por dia. Já se pensou recensear esta gente e com o resultado construir mercados mais pequenos, organizados, com condições de sanidade e higiene, mais perto das zonas das suas residencias (entenda-se bairros de lata onde imperam os mesmos telhados de zinco cobertos de pó, cujas casas estão rodeadas mesmo na época seca de poças de água estagnada, contaminada, focos de doenças gastro-intestinais e de malária – aqui, quem não morre até aos 5 anos vive até ter a cabeça coberta de cabelos brancos – ou por montes de lixo acumulado dos meses de seca que aguardam a próxima chuva que os fará correr em direcção ao mar.
E lá ao fundo, quase na linha do horizonte, por detrás de tudo isto, primeiro avisto a baía e a linha de terra a que chamam ilha e, por fim, o mar. A ilha, aquele outro mundo, não muito melhor do que este, onde se espelham as dicotomias desta sociedade, onde confortavelemnte me costumo sentar em frente ao mar. Hoje, enquanto para lá viajo para jantar, consigo abstrair-me daquela lixiera a céu aberto por onde passo pelo caminho. Há uns anos perdia sempre o apetite quando por lá passava e, quando me sentava, frente ao mar, não conseguia apagar a imagem e o cheiro da miséria, da fome, da podridão que me rodeavam. Hoje sento-me num restaurante fantástico, ouço música que me descontrai misturada pelas ondas do mar, selecciono da ementa uma excelente refeição que poderia ser servida num bom restaurante em qualquer parte do mundo e dedico-me à conversa animada por amigos recentes e velhos amigos com quem tenho em comum a presença ali, naquele momento, mas que tudo o resto separa. Disfarço, mas no fundo nao consigo comer nada.
sábado, 27 de março de 2010
Nas terras do Planalto
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhN8wklWFQg899B9rs59aiKqNYXai-uvVa33dtCtbLmjndy1pG5v8WzMNQjmGZVp0qHVr7Ku9hiARUp_1vihzLnhzLNQxnz5Ct-vFndDet-2buEpIQNCcDq6Jzf-GxDR1LLsSLbNBtOamU/s320/o_planalto_e_a_estepe.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpl-2kFtwMchUnl6hFpF4OL5XUqnFCgVnhyphenhyphen9BHs3-tv4HUDblgHn8Z5pvrWHifzHCHy_O3T1DVrOC5GEUHbSMONcQJztKLLbAEZPJ5Y-m0de6XbQIy7xoMch8HkUgUVprkI_dQ0-XRP4c/s320/tundavala.jpg)
Preparava-me para ir correr, para não ficar aqui a escrever e a pesquisar assuntos que me interessam (confesso que estou num modo de experimentação, acabei de criar o blog pois, apesar de em tempos ter escrito para um blog, nunca tinha publicado directamente os textos) e mais tarde lamentar o que poderia ter feito quando, subitamente, o céu passa de de um azul claro intenso e transparente para um negro carregado, deitando sobre a terra uma chuva densa. As ruas ficam subitamente vazias, as estradas transformam-se em rios de lama onde os únicos que se atrevem a não se abrigar, as crianças, na sua maioria descalças, brincam com a corrente forte, desafiando os seus caminhos.
É assim nas terras do Planalto.
Como falo do Planalto e publico uma imagem da Tundavala, não posso deixar de recomendar o livro "O Planalto e a Estepe" de Pepetela, escritor Angolano do qual já li quase todos os livros publicados, esperando ansiosamente pelo seu próximo livro. Sempre que vou a Luanda passo na livraria Lello, na baixa. É um ícone cultural Angolano pois resistiu a todos os contratempos. Procuro os livros de Pepetela que ainda não consegui ler.
Angola tem escritores muito bons, Moçambique também mas, na minha opinião, se há escritor de lingua portuguesa que poderia e deveria ser candidato a um Nobel da Literatura, é Pepetela. Pepetela é mágico na escrita, envolve-nos nas suas histórias de uma forma única, com uma capacidade descritiva tremenda, com o seu estilo realista, crítico, com o seu sentido de humor, com a sua ironia.
A personagem principal do "Planalto e a Estepe", Júlio, nasceu e vivieu a sua infância nas terras junto à estrada para a Tundavala.
O livro começa assim:
OS ROCHEDOS DA TUNDAVALA
Os olhos dele continham o céu do Planalto.
Na Huíla, Serra da Chela, Dezembro, quando o azul mais fere.
Nos olhos dela estavam gravadas suaves ondulações da estepe
mongol. Tons sobre o castanho.
Entremos primeiro no azul.
Aminha vida se resume a uma larga e sinuosa curva para o amor.
Começando por um caminho longo até Moscovo.
Não vos contarei todos os detalhes dessa viagem. Houve
outras, também importantes, houve mesmo muitas viagens. Mas
essa primeira viagem em arco amplo e súbitos desvios demorou
mais, começou na Huíla, Sul de Angola, quando fui parido.
Nasci no meio de rochedos. A casa, porém, era de adobe.
Casa de adobe com rochedos à volta. Título de quadro?
Era muito duro fazer uma casa de pedra, como na aldeia de
Trás-os-Montes onde o meu pai tinha nascido. A minha mãe era
já de algumas gerações huilanas e nascera numa mais pequena
que a nossa. Por isso se construiu a de adobe, quando casaram.
Os dois, com a ajuda de um serviçal muíla, chamado Kanina,
nome de soba grande, ergueram a moradia, usando o barro
de uma baixa sempre húmida para fazerem blocos secos ao sol.
Para quem queira ler mais do livro, Pepetela tem um site no qual disponibiliza o primeiro capítulo do livro em pdf.
http://www.pepetela.com.pt/pdf/planalto_estepe.pdf
From Sligo Bay to the Isle of Innisfree
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRN1Zz3SozwjPmpifZza1WexY0SABFPPeKY1NT0F90tlvwsCg-gCqU-aJ76JLlxWORnW1712HaYEfXBBoUTVO1VpgpIhsBEVCM1sRqu523Bdo7iyafI00xGeXlHTYyLs0E3kj-1EeRWR8/s320/Sligo%2520Bay%25201.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6A_adhtN7d7SxxKoyS-IlYIDXziTpNygR03IiJEOIcGK7UDcuhDgRTR5ZUk5DQdwQSAjRUK1IigE_TEECR4qferrQ2ho59i6CsV03EHdOzxfrATYZRlLdLzchC3Ovvzv-1FhV55QojUc/s320/sligo_bay.jpg)
At the summit of an hill overlooking Sligo Bay, under a rain shower and without umbrella or raincoat I had one of the happiest moments of my life. We all have our Innisfree. Mine is where I feel at home.
William Butler Yeats. 1865–
44. The Lake Isle of Innisfree
I WILL arise and go now, and go to Innisfree,
And a small cabin build there, of clay and wattles made;
Nine bean rows will I have there, a hive for the honey bee,
And live alone in the bee-loud glade.
And I shall have some peace there, for peace comes dropping slow, 5
Dropping from the veils of the morning to where the cricket sings;
There midnight's all a glimmer, and noon a purple glow,
And evening full of the linnet's wings.
I will arise and go now, for always night and day
I hear lake water lapping with low sounds by the shore; 10
While I stand on the roadway, or on the pavements gray,
I hear it in the deep heart's core.
No dia do Pai
No dia do pai acordámos cedo na nossa casa no meio do campo, o silêncio é enorme, não se ouve ainda a cidade ao longe e mesmo os pássaros ainda não se atrevem a cantar. Às 6 horas o sol é uma bola de fogo que vejo nascer por entre a névoa que cobre todas as manhãs a cidade. Ao seu lado a encosta abrupta do início do planalto que nos rodeia como uma ferradura e que olho ao longe sentada no alpendre enquanto tomo o pequeno almoço e ouço “Tout Les Matins du Monde”, a banda original do filme com o mesmo nome. Aqui sinto a falta das nossas idas à Gulbenkian, ao Coliseu, ao CCB... a Évora ouvir o Divino Sospiro. Vou apanhar dois ramos de alegrias brancas, um para o meu pai, que tinha chegado no dia anterior, que conforto foi vê-lo sair do avião e abraçá-lo. O outro ramo de flores entreguei a um amigo dele que me é muito querido a quem queria nesse dia especial demonstrar que me lembrei que ele também é pai.
Depois partimos no nosso todo o terreno, relíquia de família, com mais de 15 anos de buracos e centenas de milhares de quilómetros feitos por estas paisagens. Vamos visitar um amigo à sua fazenda que não fica distante, cerca de cento e vinte quilómetros que equivalem a mais de 2 horas de caminho pois a estrada a partir do quilómetro oitenta enche-se de buracos, autenticas crateras. De início, ao volante às vezes paro, hesitante, meto a roda direita ou a esquerda no buraco? Pergunto-me. À medida que avançamos começo a habituar-me, a desviar-me melhor, saio da estrada, vamos em contra mão, por vezes descubro que sem necessidade, apenas porque daquele lado da estrada me parecia haver menos buracos. Só aqui, a um sábado, no meio da savana africana, isso é possível pois chegamos a andar dezenas de quilómetros sem nos cruzarmos com outro carro. Passamos por uma pequena tabuleta à beira da estrada, rectangular, com não mais de 30 por 15 cm, com o fundo branco e um bovino pintado à mão a preto, autentica pintura rural (único, e eu sem máquina fotográfica...!) que nos indica que aquela é zona de passagem de gado. Nesse local específico não vimos nenhum mas por várias vezes cabritos e bois cruzaram a estrada mesmo à nossa frente. Os buracos até são bons, pensava então, impediam-me de ir mais depressa correndo o risco de ir contra um destes animais.
A paisagem é-me muito familiar, a primeira vez que aqui vim tinha 15 anos. Na altura foi um reencontro com a minha terra, o meu continente, a minha gente. Nesta fazenda passei então parte da plenitude dos meus dias de adolescente em África, o despertar de madrugada para ver o sol nascer e à tarde sentar-me no grande balouço do enorme jardim com um extenso e sempre verde relvado e canteiros de mil flores e cheiros para ver ao longe, no fim da savana que se estendia à minha frente, a grande bola de fogo pôr-se lentamente. Aqui aprendi a andar a cavalo numa bonita e elegante égua de um tom castanho dourado com o seu potro que insistia em perturbar-me nos meus primeiros passos de amazona tentando saltar para o dorso da mãe como que me dizendo que a mãe era dele, aprendi a andar de mota pela picada e pelos areais onde ia invariavelmente parar perante todos os funcionários que entretanto me ouviam e vinham observar entre risos e sorrisos, como conseguiria dali sair? Sem cair. Aprendi a passear touros com mais de uma tonelada para exibir em parada, na feira do gado. À hora de mais calor lia John Steinbeck ou Hemingway em inglês numa vontade ávida de dominar a língua que o meu anfitrião tão bem falava ou ia tentar ensinar palavras ao papagaio, nesse caso em português. Ao longe, sempre um rádio tocava as músicas africanas, que me ficaram no ouvido. Com o nosso amigo, dono desta fazenda que chegou a ter 100.000 hectares, aprendi a amar esta terra e as 10 espécies de erva que aqui nascem e servem de pasto, cada uma com o seu valor nutritivo e a sua função alimentar específica, corri à noite infrutiferamente pelos campos à caça de quincuios, que saltam brutalmente e, no nosso ritual, se apanham à mão, e ainda nas festas da discoteca montada na varanda sábado à noite aprendi com todas as mulheres a dançar os ritmos africanos... Esta é parte da minha África, com a sua terra cor de barro e cor de areia, de dias quentes e noites de céu estrelado arrefecidas, de fortes chuvas depois de dias de intenso calor que trazem consigo o cheiro único da terra molhada, de paisagens intermináveis, salpicadas por gente magra, simpática, vestida de panos coloridos carregando pesos impensáveis à cabeça ou vendendo artigos à beira da estrada, de crianças surgindo do meio do nada, pastando gado ou brincando, onde nada parece existir e ninguém viver, ou de gente caminhando ao domingo à tarde à beira da estrada em direcção às suas casas, com as suas melhores roupas depois de uma ida à missa ou de um dia de lazer.
Ao fim de duas horas de viagem chegamos à fazenda, a entrada feita de um túnel de acácias amarelas que estavam ainda em flor e no meio do jardim a grande árvore da paz debaixo da qual há tantos anos me sento para horas de conversa prazenteira. Antes de ir embora o nosso anfitrião dá-me gardénias, brancas, salmão e azuis, e mais alegrias de todas as cores, vamos passeando e vamos colhendo ramos de quase todas as plantas que ele tem para eu colocar no meu jardim, explicando-me o que devo fazer. Basta colocar na terra pois aqui, com este clima e esta terra, tudo cresce, diz, mas tirando-lhes quase todas as folhas para que tenham mais força para crescer.
Depois partimos no nosso todo o terreno, relíquia de família, com mais de 15 anos de buracos e centenas de milhares de quilómetros feitos por estas paisagens. Vamos visitar um amigo à sua fazenda que não fica distante, cerca de cento e vinte quilómetros que equivalem a mais de 2 horas de caminho pois a estrada a partir do quilómetro oitenta enche-se de buracos, autenticas crateras. De início, ao volante às vezes paro, hesitante, meto a roda direita ou a esquerda no buraco? Pergunto-me. À medida que avançamos começo a habituar-me, a desviar-me melhor, saio da estrada, vamos em contra mão, por vezes descubro que sem necessidade, apenas porque daquele lado da estrada me parecia haver menos buracos. Só aqui, a um sábado, no meio da savana africana, isso é possível pois chegamos a andar dezenas de quilómetros sem nos cruzarmos com outro carro. Passamos por uma pequena tabuleta à beira da estrada, rectangular, com não mais de 30 por 15 cm, com o fundo branco e um bovino pintado à mão a preto, autentica pintura rural (único, e eu sem máquina fotográfica...!) que nos indica que aquela é zona de passagem de gado. Nesse local específico não vimos nenhum mas por várias vezes cabritos e bois cruzaram a estrada mesmo à nossa frente. Os buracos até são bons, pensava então, impediam-me de ir mais depressa correndo o risco de ir contra um destes animais.
A paisagem é-me muito familiar, a primeira vez que aqui vim tinha 15 anos. Na altura foi um reencontro com a minha terra, o meu continente, a minha gente. Nesta fazenda passei então parte da plenitude dos meus dias de adolescente em África, o despertar de madrugada para ver o sol nascer e à tarde sentar-me no grande balouço do enorme jardim com um extenso e sempre verde relvado e canteiros de mil flores e cheiros para ver ao longe, no fim da savana que se estendia à minha frente, a grande bola de fogo pôr-se lentamente. Aqui aprendi a andar a cavalo numa bonita e elegante égua de um tom castanho dourado com o seu potro que insistia em perturbar-me nos meus primeiros passos de amazona tentando saltar para o dorso da mãe como que me dizendo que a mãe era dele, aprendi a andar de mota pela picada e pelos areais onde ia invariavelmente parar perante todos os funcionários que entretanto me ouviam e vinham observar entre risos e sorrisos, como conseguiria dali sair? Sem cair. Aprendi a passear touros com mais de uma tonelada para exibir em parada, na feira do gado. À hora de mais calor lia John Steinbeck ou Hemingway em inglês numa vontade ávida de dominar a língua que o meu anfitrião tão bem falava ou ia tentar ensinar palavras ao papagaio, nesse caso em português. Ao longe, sempre um rádio tocava as músicas africanas, que me ficaram no ouvido. Com o nosso amigo, dono desta fazenda que chegou a ter 100.000 hectares, aprendi a amar esta terra e as 10 espécies de erva que aqui nascem e servem de pasto, cada uma com o seu valor nutritivo e a sua função alimentar específica, corri à noite infrutiferamente pelos campos à caça de quincuios, que saltam brutalmente e, no nosso ritual, se apanham à mão, e ainda nas festas da discoteca montada na varanda sábado à noite aprendi com todas as mulheres a dançar os ritmos africanos... Esta é parte da minha África, com a sua terra cor de barro e cor de areia, de dias quentes e noites de céu estrelado arrefecidas, de fortes chuvas depois de dias de intenso calor que trazem consigo o cheiro único da terra molhada, de paisagens intermináveis, salpicadas por gente magra, simpática, vestida de panos coloridos carregando pesos impensáveis à cabeça ou vendendo artigos à beira da estrada, de crianças surgindo do meio do nada, pastando gado ou brincando, onde nada parece existir e ninguém viver, ou de gente caminhando ao domingo à tarde à beira da estrada em direcção às suas casas, com as suas melhores roupas depois de uma ida à missa ou de um dia de lazer.
Ao fim de duas horas de viagem chegamos à fazenda, a entrada feita de um túnel de acácias amarelas que estavam ainda em flor e no meio do jardim a grande árvore da paz debaixo da qual há tantos anos me sento para horas de conversa prazenteira. Antes de ir embora o nosso anfitrião dá-me gardénias, brancas, salmão e azuis, e mais alegrias de todas as cores, vamos passeando e vamos colhendo ramos de quase todas as plantas que ele tem para eu colocar no meu jardim, explicando-me o que devo fazer. Basta colocar na terra pois aqui, com este clima e esta terra, tudo cresce, diz, mas tirando-lhes quase todas as folhas para que tenham mais força para crescer.
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